25 de mar. de 2010

De Blog em Blog - Contos Infantis

Lembranças

Perto de mim,
Sempre à meia distância,
No meu quintal da lembrança,
Escondo um rei, um herói 
E também a criança 
Que eu roubei
Do jardim de
Infância.



*Leia o De Blog em Blog - Contos Infantis nos blogs do grande amigo Emerson (aqui) e da querida Raquel (aqui). Todas as quintas, o mesmo tema e várias histórias diferentes por aí.

23 de mar. de 2010

22 de mar. de 2010

Marta Maria Cheia de Graça














Ei, mãezinha!

Ouvi dizer que voltou 
Pro teatro.
É verdade?
Quando mocinha,
Espetáculo.
Depois, 
Mãe de quatro,
Beldade.
O tempo parou?
Vendeu a idade?
Criatividade
Pra tanto papel.
No de mãe, 
Foi atriz principal.
No profissional,
Fez bedel 
E também coronel.
Agora, 
De volta ao tablado,
Fico entusiasmado.
Por tudo que foi 
E que é,
Se prepare, mulher,
E não se assuste 
Se, antes do ato,
Todos se levantarem
E já lhe aplaudirem 
De pé.




*Pra você, minha mãe.

Avoa e Vai



Folha seca

De outono, cai.
Pêlo de calvo,
Avohai.


19 de mar. de 2010

Dancinha




Que um dia

A gente dance,
Casualmente,
O nós dois pra lá,
Nós dois pra cá,
Eternamente.

18 de mar. de 2010

De Blog em Blog - Teatro

Um grande amigo, há poucos dias, me convidou a participar de um combinado muito legal. Toda quinta, eu e ele postaremos em nossos blogs o "De Blog em Blog". É o seguinte: inicialmente, um de nós dois escolheremos um tema para escrevermos. A ideia é que o grupo aumente e que vários blogs participem do "De Blog em Blog". Pra participar é só postar às quintas-feiras sobre o tema da semana com o título "De Blog em Blog - Tema".
Um abraço pro Emerson Reinert do http://www.pensamentosdiretos.blogspot.com, o amigo que me fez o convite e que dividirá comigo essa ideia superbacana. Está improvisando e mandando muito bem nas letras. Acessem e leiam o que ele escreveu hoje sobre Teatro, o primeiro tema. E o meu é este:


Monólogo



No palco,
A peça sobre
O nosso amor.
Na peça,
Atos com
Um só ator.

17 de mar. de 2010

Vazio














Aproveitou-se 

Do vazio 
Em mim

Que habitava

E me corroía 
O âmago

Me dominou

De um jeito
Facim

Me conquistou

Pela boca
Do estômago.

16 de mar. de 2010

Fora de Forma












Venha, baleia!

Cante e encante.
Mesmo distante,
Te vejo brilhante 
Aqui da areia.
De longe, tão grande,
Enorme, gigante,
És sempre bela, balei...
Espere um instante!
Engano.
Não é baleia,
É sereia.


*Inspirado em "Engano Poético".

Engano Poético














Venha, sereia!

Cante e me encante.
Mesmo distante,
Te vejo brilhante 
Aqui da areia.
Pra mim, não importa,
Bonita ou feia.
És sempre bela, serei...
Espere um instante!

Engano.
Não é sereia,

É baleia.

15 de mar. de 2010

Tampa da Panela














A cena, uma boate.  Na pista, dezenas de pessoas se esbarram, dançam e não se veem. Em uma ponta, uma menina linda se diverte enquanto se pergunta “até que horas eu preciso ficar?”. Em outra, um rapaz também bonito está à procura de alguém. De longe, ele a vê. Distante, ela também o encontra. Os dois se olham sem pressa. Aproximam-se. Ele, sem jeito. Ela o espera.  Sem dúvida, era ela a sua condessa. Um segundo e um deslize para atrapalhar todo o resto da história. Na hora agá, ele se embananou com os títulos. No passado, teria se dado bem. Em tempos de pouca realeza, só conseguiu se expressar com um pobre e ultrapassado “Oi, princesa!”.

12 de mar. de 2010

Estação Passageira











Chegou atrasado 

À velha estação,
Não pôde comprar 
A passagem de volta
Pra sua  paixão.

Não foi só descuido,

É acaso da vida.
Paixão passageira
Só compra passagem
De ida.

11 de mar. de 2010

No Calor do Frio


É do frio 

Que eu, tímido,
Acho bom. 

Tomo um banho quente,
Visto o moletom
E, reservadamente,
Me deito com amores 

Escondidos no edredom.

10 de mar. de 2010

Até Voltar








Até o dia

Em que você voltar,
Vou resistir  
À saudade chegar
E obrigar a saudade 
A partir.

9 de mar. de 2010

Excesso de Bagagem










Esqueça
Perfumes e blushes,
Rimel e batom.
É bobagem.

Pra ficar bom,
Eu só quero o que está
Por trás da maquiagem.

8 de mar. de 2010

Inverso do Oposto





Excesso de gosto,

Nós dois num composto
No inverso do oposto.

Senhor Cortês





Com licença, 

Senhora, senhor,
Donzela e doutor.
Ao Zé Ruela,
A vossa licença,
Peço, por favor.
Do Oiapoque ao Chuí,
Todos, sem ofensa,
Por favor, com licença, 
Eu volto a pedir,
Pois o meu grande amor
Vai passar por aqui.

7 de mar. de 2010

5 de mar. de 2010

Amor Conjugado



Quisera eu saber conjugar, sem defeito, o verbo amar no tempo presente, pra, com você, eu poder conjugar o mais que perfeito amor, eternamente.

À Sombra da Saudade











Há tanto tempo não passava por aquela rua, a mesma e antiga rua que a levava e a trazia, todos os dias, da escola. A mesma árvore com raízes fortes que pulavam da calçada. As mesmas casas, agora mais antigas e cada vez mais cheias de histórias. Tantas lembranças bem guardadas, esperando o dia certo para voltar.

Agora estava ali, de frente ao seu passado, de frente à sua mais bonita recordação. Naquela rua, deu o seu primeiro beijo. Foi debaixo da sombra daquela mesma árvore forte, tão forte quanto o que sentira naquele eterno instante, que viveu o amor pela primeira vez. Não amor de gente grande. Amor de ter amado, mais do que qualquer coisa naqueles tempos, aquele momento. Beijo ingênuo, beijo simples e meigo, cheio da mais certa verdade. Beijo honesto, beijo de criança, de amor puro, sem compromisso com mais nada.

Beijo escondido. Ninguém mais sabia do gosto que tinha um pelo outro. Naquela rua, guardaram juntos essa história. Ambos eram muito tímidos. Ele, mais. Foi com um bilhete que ela mandou que combinaram o lugar. Todo sem jeito, ele chegou sem dizer nada, sem saber direito o que fazer. Ela, mais baixa, já estava sobre a calçada. Colocou os braços sobre seus ombros e o beijou, exatamente como havia aprendido nos filmes. Viveram um amor bem protegido das brincadeiras e chacotas dos outros. Até o dia em que ele se foi. Não por vontade ou maldade. Apenas se foi, junto com toda a sua família, pra outro lugar.

Agora, mais velha, estava de frente ao passado e ao lado do seu mais próximo futuro. Seu noivo. Por um segundo, parou. O velho sorriso, esquecido há tantos anos, voltara. No amor, entre altos a baixo, vivia uma história sem cor. Estava cansada de amar e não ser tão amada como queria e merecia.

Devagar, subiu na calçada, debaixo daquela mesma árvore, e chamou o seu noivo, que estava disperso entre pensamentos, para mais próximo. Sobre os ombros, novamente, colocou os seus braços. Devagar, o beijou. Pra ele, um beijo qualquer. Pra ela, saudade, lembranças, amor como nunca sentiu.

Quando ele se afastou, ela estava chorando. Ele nem percebeu. Apenas pegou em sua mão e, do jeito que sempre fazia, sem vontade alguma de sentí-la, seguiu ausente ao seu lado, pela última vez
.

Paixão Zepelim



Que paixão é essa
Que chega pra mim?
Que corre, avoa,
Que vem bem depressa
Que nem folhetim?
Que fica e povoa,
Que nunca mais cessa,
Que não tem mais fim?
Que me sobrevoa,
Que paira sem pressa,
Que nem Zepelim?

4 de mar. de 2010

Errante














Eu pensei 

Que fosse herói.
Eu tentei,
Mas vi que dói.

Eu pensei 

Que fosse santo.
Eu rezei,
Mas nem foi tanto.

Eu pensei

Que fosse forte.
Me esforcei,
Mas faltou porte.

Eu pensei

Que fosse amante.
Mal tentei,
Virei errante.

2 de mar. de 2010

1 de mar. de 2010

Manjar dos Deuses



Vou pedir

Pra Iemanjá,
Um amor,
Pr'ela me arranjar.

Se amor,

Iemanjá não puder,
Vou pedir manjar
Pr'eu comer de colher.

Democracia do Tombo



Contemporâneos e ancestrais.

Malandros e cardeais.
Poentes, orientais.
Inexperientes.
Vividos por demais.
Senhoras e senhores.
Mulher e rapaz.
Negro, branco ou pardo.
Povos mestiçais.
Viajantes, ociosos.
Citadinos ou rurais.
Várias diferenças
Em diversos planos.
Perante um tombo,
São todos iguais.