No boteco do Djalma, amigos, cerveja e futebol na mesa.
- Anota o que eu tô dizendo, pessoal. Esse ano não dá outra. Dá Vasco.
- Da segundona, Moreira? Estamos falando da elite e você vem falar de segundona, Moreira?
- Só anota. Só anota – dizia o velho.
- E que time é esse o coringão, eim! O cara também é um fenômeno.
- Esse ano é mesmo o da redenção do timão.
- Poderia até ser, se não fosse a Lusa.
- Lusa, Moreira? O que tem a Lusa?
- Pô, Moreira, Segundona de novo?
- Só anota. Só anota.
- Ei! Tem o Flamengo, pô. Agora com o imperador... Sei não eim?!
- Também não sei não. Vai ter que jogar muito.
- Pois anota essa também. O canhoto vai arrebentar e ainda vai ser artilheiro da Copa esse ano. Só anota. Só anota.
- Pô, Moreira. A Copa é ano que vem. Deixa o cara jogar primeiro, Moreira.
- Tô falando! Só anota. Só anota.
- O Moreira parou no tempo. Só pode.
- Uma dentro, Moreira. Só uma dentro.
Coitado do Moreira. Não é velhice. É saudade daquele tempo em que o futebol era só paixão. Que caboclo tinha que suar a camisa. O craque só seria craque se fosse mesmo um craque e pronto. Do tempo do Pelé, Garrincha, Sócrates, Tostão. Que safra! Mas esse tempo foi embora e dele só restou o Moreiro, o velho profeta. Porém, Moreira também é do tempo que malandro não dava ponto sem nó.
- Moreira! Sua mulher no telefone.
- Xiii! Que marcação, eim profeta!
- Olha a pressão, Moreira!
- Pô, Moreira! É homem a homem?
- Ei! Onde o Moreira vai?
- Volta aqui, Moreira! Não vai pagar a conta?
- Só anota, Djalma. Só anota.
Um comentário:
hehe! Final inesperado, meu bem. =*
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