30 de dez. de 2009
Bom Amante
Na profissão de homem/amante,
Difícil é ser imparcial.
Como sou um bom errante,
Tendo a amá-las por igual.
29 de dez. de 2009
23 de dez. de 2009
21 de dez. de 2009
Segredo
Lá em cima
Do Morro Perdido,
Escondido entre as nuvens,
Existe um portal
Vigiado por um guardião.
Depois da entrada
Encontra-se um rio
Onde dividem
O mesmo habitat,
Três montes de piranhas,
Um lindo Jacaré
E uma dúzia de tubarão.
Para atravessar o riacho,
Além de nadar,
Precisa ser cabra macho,
Bem forte do braço
E ligeiro do pé.
Passado o aguaceiro
A trilha do morro adentro
Leva a uma outra emboscada:
Um ninho de cobra
Criada com sogra e fermento.
Logo adiante do ninho,
Por sobre um baú
Muito bem trancado
Estão sete chaves,
Todas enroscadas
No pé de uma ave gigante.
Para arrancá-las do pé,
Dentro do rio passado,
No rabo do jacaré,
Está amarrado um estojo
Com flauta e tranquilizantes.
Depois da sexta noite
De música sacra incessante,
Dois comprimidos
Farão com que a ave
Durma n'um instante.
Dentro da caixa
Existe um envelope fechado
E lacrado com cera bem quente.
Dentro, bem guardado,
Vive um segredo,
Que, se for revelado,
Com toda a certeza,
Nunca valerá
Nem um terço da glória
De quem um dia
Sobreviver a essa história.
19 de dez. de 2009
Classificados
Estou à procura
De frases de efeito,
Para fazer
Um anúncio perfeito
Sem ter sequer um conceito.
Tenho somente o produto,
Que em sua forma bruta
É nada mais
Que um grande fajuto
Cheio de defeitos.
De frases de efeito,
Para fazer
Um anúncio perfeito
Sem ter sequer um conceito.
Tenho somente o produto,
Que em sua forma bruta
É nada mais
Que um grande fajuto
Cheio de defeitos.
18 de dez. de 2009
O Custo da Subida
Do que adianta
Subir na vida
A todo custo,
Se na hora da morte
O chifrudo te pega
E te puxa pelo busto?
16 de dez. de 2009
Amor de Vitrine
Se te amar
Fosse apenas modismo,
Seria pioneirismo dizer
Que o meu amor por você
É a nova tendência da coleção
Outono/inverno/primavera/verão.
15 de dez. de 2009
Vida Barata
Para a próxima estrofe,
Os fatos dispensam
O poder da errata.
Sai muito mais caro pro homem
Levar uma vida
Barata.
14 de dez. de 2009
11 de dez. de 2009
Motoqueiro Fantasma
Na verdade, é o seguinte:
Motoqueiro fantasma existe,
E é feito de alma indecente.
Surgiu de uma história triste,
Que aconteceu de repente.
Um dia, parado no aslfato,
O sinal abriu, e o motoqueiro partiu
Empinando a roda da frente.
Foi então que o panaca caiu
Pra viver assombrando a gente.
10 de dez. de 2009
Menina das Águas
Por onde passa
Deixa tragédia e esperança.
É que nasceu com uma rara doença,
A guria chorava até na bonança.
É assim que tem sido sua vida:
Sem parar de chorar e sem outra saída,
A menina só pode ajudar
A aumentar a umidade relativa do ar.
9 de dez. de 2009
Lua
Tanta coisa na vida tem peso.
Quase sempre o que pesa é a idade.
E quando a moral tá em baixa,
É difícil tentar levantá-la.
Pra subir nessa vida é um custo.
Tem gente que leva um rei na barriga.
E não existe, no mundo,
Uma lei mais severa
Que a da gravidade.
É por estas que estou de partida.
Vou seguir até o fim da rua,
E, de lá, vou subir inclinado pra lua.
É por lá que eu vou me ajeitar.
Onde o peso é um coadjuvante.
Onde ainda não há o correto e o errante.
É do lado de lá que eu quero ficar.
Entre a Vida e o Sonho (Parte III)
E todos os sonhos seguintes
Eram como o sonho primeiro.
Sem consagrar o amor,
Só o calor e o cheiro.
Até o dia da última noite
Da noite sem sonho, sem deusa.
Da noite confusa
Sem calor e sem musa.
Noite sem fim.
Noite assim não podia.
A paixão figurava em ti.
Àquela noite, noite vazia.
Perto do dia, acordou meio estranho
Com a deusa ao seu lado,
Convidando-o a viver uma outra verdade,
Outra realidade, entre a vida e o sonho.
8 de dez. de 2009
Prazo
Vou amar
Só até me cansar.
Depois, me deitar
Até não aguentar a saudade
De amar sem ter dó e piedade.
Entre a Vida e o Sonho (Parte II)
No tempo que tinha,
Esperava a lua voltar,
Pra então se deitar
E velar a noite, raiar o dia.
Pois, no escuro mais frio
Das noites mais tristes,
Deitou-se e sonhou,
E sentiu-se mais gente.
Entre sonho e deleite,
Sentiu o calor de outro corpo.
Era a deusa do sonho,
Fazendo da noite, mais quente.
E quando tentou lhe amar,
Acordou, meio embriagado,
Ainda sonhando acordado
Com os olhos da cor do mar.
(continua)
7 de dez. de 2009
Entre a Vida e o Sonho (Parte I)
(Uma história em verso e em partes. Hoje apresento a primeira, em breve a segunda e a sequência derradeira)
Pouca paixão
Lhe sobrara na vida.
Na morte, eram tantas,
Muitas esquecidas.
A maior, sua mãe,
A mais dura partida,
Fez o seu mundo menor.
Pra saudade, não há despedida.
Vivia por conta
Da vida, das contas,
Da tonta vida de sempre,
Em volta da rotina pronta.
Acordar, trabalhar e voltar.
Voltar a acordar, trabalhar
E voltar a dormir,
Sem se esquecer de acordar.
(Continua...)
Pouca paixão
Lhe sobrara na vida.
Na morte, eram tantas,
Muitas esquecidas.
A maior, sua mãe,
A mais dura partida,
Fez o seu mundo menor.
Pra saudade, não há despedida.
Vivia por conta
Da vida, das contas,
Da tonta vida de sempre,
Em volta da rotina pronta.
Acordar, trabalhar e voltar.
Voltar a acordar, trabalhar
E voltar a dormir,
Sem se esquecer de acordar.
(Continua...)
4 de dez. de 2009
Otimista e Pessimista
O cabra mais otimista,
Estuda, insiste e se prepara,
Pra no fim
Levar a vara.
O outro,
O derrotista,
Já tem a derrota em vista,
Pra nunca quebrar a cara.
3 de dez. de 2009
Síndrome de Dálmata
Está rolando na cidade
Um trote meio esquisito.
Um tal de Benedito,
Com voz de quem tem meia idade,
Liga pro desconhecido
E diz em tom meio alarido,
E também de ostentação,
Que ele foi premiado
E vai ganhar mais de um milhão.
Mas que pra receber o prêmio,
Tem de fazer uma doação
Em notas muito bem vivas
Pra certa instituição
Que cuida de criancinhas
Que tem Sìndrome de Dálmata.
Pois que asse a batata
Mas não culpem um nem outro.
Nada é mais dolorido
Que não ter muita ação
Diante do acontecido.
Quem tenta ganhar dinheiro
Às custas do povo pobre
E com tanta ignorância,
Muito rico que não é.
Sei também que não é nobre
Acreditar por inteiro,
Assim, da cabeça aos pés,
Nesse trote derradeiro.
Não é um caso corriqueiro,
Mas isso muito me dói.
Pois só consigo enxergar a solução,
Se na visão de quem constrói nosso futuro,
Estiver bem empregada
A palavra educação.
Edifício
Fica muito mais difícil
De tentar subir na vida
Quando a vida é um edifício
E a única escada,
A que conduz à subida,
Está quebrada.
1 de dez. de 2009
Superpoderes
Enquanto alguns
Têm de usar
Todo o poder
Da paciência
Pra aguentar
A ignorância,
Uns se esforçam
Pra aprender
A manejar
O poder
Da inteligência
Com muita atenuância.
Conversa de Malandro
Entre mim e o meu amigo
Existe um certo combinado.
Entre as nossas hitórias,
Se o conto for bonito,
Ele sucedeu comigo.
Se o conto for malvado,
Digo então que aconteceu
Com o tal do amigo meu.
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