27 de mar. de 2012

Necesserie



Um dia, passou por mim um amor. Não tinha pretensão de ser. Não veio preparado pra acontecer. Não deu pinta, não deu pista. E eu só fui saber quando passou. Eu tinha aquela ilusão poética que amor tinha que ser eterno, por mais que tivesse fim. Nessa visão, o amor perdura. O amor seria a parte metafísica, onde a matéria se despede, mas deixa essa sensação suspensa à nossa volta, na atmosfera. Talvez porque seja tão essencial como o ar que respiro. A gente realmente precisa de amor. Mas se o amor é ar, também é gente. Daí, que o amor passou ligeiro. E as consequências foram graves. Eu fiquei desamorado de repente. E a poesia, naquela hora, ficou desmoralizada. 


26 de mar. de 2012

Penteados



Apreensão. Vamos sair. Olho lá fora, nenhum sinal. Parece que dá. A gente sai. Eu, olhando para os lados, desconfiado. Você, normal. Sinto que fui enganado. Brisa. Nada se mexe, mas eu sinto. É ele, o vento. Tento por tudo impedir que ele chegue até você, mas não tem jeito. Sua blusa se mexe, de leve. Mais de uma vez, eu tento não deixar ele te tocar. Impossível. Quando vejo, ele já tocou seu cabelo. Todo mundo viu. Eu finjo que nada aconteceu, mas sei que estão todos te olhando. Você fica linda quando o vento passa. E eu fico cheio de ciúme.